Há duas semanas, participei de uma visita mediada à exposição Figuras de Pedra e Figuras de Papel, na Galeria Cerrado, em Brasília. A exposição propunha um diálogo entre o trabalho dos artistas Estêvão Pereira e Paulo Pires. Como o próprio curador da exposição e mediador da visita disse: um diálogo aparentemente difícil de estabelecer, pois à primeira vista os dois desenvolvem trabalhos muito diferentes. Enquanto Estêvão Parreiras desenha e pinta escolhendo deliberadamente cores vibrantes, Paulo Pires esculpe em arenito, deixando a cor por conta da natureza da pedra. Mas se por um lado os trabalhos são plasticamente distintos, por outro carregam um aspecto em comum: um imaginário conectado à cultura do interior do Brasil, de onde ambos se originam. Isso foi o suficiente para o que diálogo acabasse fluindo.
Mas, como tenho uma preferência bem resolvida por esculturas, devo confessar que, nesse diálogo, a voz de Paulo Pires (1972) ressoou mais nos meus ouvidos. Natural do Mato Grosso, ele começou a esculpir em madeira, de maneira autodidata, aos 14 anos. Hoje, ele esculpe em pedras de arenito, colhidas nos vales do município de Rondonópolis-MT, utilizando uma técnica própria. Paulo Pires parte da ideia de trazer à tona a humanização existente na pedra (isso me lembra um certo mestre renascentista) ao mesmo tempo que celebra a força da união entre as pessoas. O resultado são peças como essas das imagens abaixo1. São ou não são comoventes?
Obtidas do perfil da Galeria Cerrado no Instagram.
Aautodidata aos 14 anos, imagina 🥹